segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O Brasão:

O Brasão da chamada "Casa Régia" tem levantado algumas inclemências que se podem dissipar com a história, a análise metódica e algo de perspicácia.



Lendo a INSPIRADORA OBRA do Major Alberto Pereira de Castro, na sua página 288 encontramos:
 "a Casa do Concelho tinha estado noutros locais (...) e só na década de 30 do Séc. XVIII passaria para o edifício agora em análise."

Mais à frente lemos: "Esta transferência deve ter-se dado a partir de 1731, pois em 14 de Julho desse ano, a reunião da Câmara é feita nas «casas de audiência do juízo eclesiástico que serve de Casa da Câmara por não haver paso do Concelho»".

Sabemos que a esfera armilar se encontrava sobre a entrada do lado Norte (hoje inexistente) e que posteriormente se transferiu para a entrada de poente.

Após os aluimentos acontecidos em 1835 - que desfiguraram o edifício e lhe levaram a sua parte Norte (entrada Principal) resulta difícil conceber um ORATÓRIO de raiz ai existente.


O autor interroga-se acerca da natureza do mesmo e justifica a questão com a Igreja de S. Sebastião (que será tema de próximo capítulo, dado que a actual nada tem a ver coma estrutura românica modesta que deu origem ao nome e o seu enquadramento é ainda um mistério) e o acesso deste nosso famoso rei a um edifício de oração simples e próximo.

Depois questiona-se acerca do que justificaria a EXISTÊNCIA de uma casa de AUDIÊNCIA DO JUÍZO ECLESIÁSTICO e - talvez por suas ligações mais "pragmáticas" se tenha virado para os "reis" quando enumera com algum acerto, as várias INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS existentes DENTRO DO PERÍMETRO das muralhas no Séc. XVIII assim como as várias existentes nos arredores e que, sendo autónomas na sua gestão, apenas eram SUPERVISIONADAS pelo ARCEBISPO de BRAGA.

Ora - se retirarmos um certo revanchismo neo-liberal existente nas nossas muralhas (que deslocou as ordens religiosas para aquartelamento de efectivos militares - algo que, enfim, resultou da secularização acelerada pela revolução Francesa e cujas feridas tão bem sangramos como povo) e não dermos muitos ouvidos (ainda) à intervenção das guerras liberais nesta nossa terra - a bem da imparcialidade e com um pequeno SENTIDO CRÍTICO, basta olhar para cima e ver quem frequentaria as ditas moradias nas suas FREQUENTES VISITAS para INSPECÇÃO e RESOLUÇÃO de PROBLEMAS nas COMUNIDADES RELIGIOSAS - intra e extra muros - responsabilidade da Diocese de Valença (que - lembremos - foi cadeira sinodal-colegial aquando da sua anexação a Ceuta):

 (Oliveira, 1978: 98). A partir desta data (1514) , a comarca de Valença ficou sujeita à Sé de Braga que nomeou um vigário geral com jurisdição em 32 igrejas (Idem, ibidem). 


A igreja passou a catedral e pelo Memorial feito em tempo de D. Manuel de Sousa (1545-1549) foi ‘avaliada em 140 mil réis fora a terça do concelho e a do arcebispado’ (Costa, 1981: 197). 

tema de próximo capitulo da história em paralelos de Valença -


Assim temos:


RODRIGO DE MOURA TELLES - A QUINTA DA MEMÓRIA: 1704 A 1728
Filho de Luísa de Castro e Moura

(Histórico e fonte em link - clicar)

De 10 de Março 1704 até à sua morte em 1728 foi arcebispo de Braga

Muito naturalmente, o seu brasão poderia estar anexo ao cabildo da Colegiata de Valença ao longo das suas várias visitas:


Braga - brasão episcopal dos Moura - CONVERTIDAS - Congregação de Maria Madalena (ruínas)


Assim, como síntese das visitas regulares dos Arcebispos a Valença e suas estruturas eclesiásticas anexas:

SUBSUBSÉRIE 01.01.08: Valença (1ª e 2ª parte ordinária)
ÂMBITO E CONTEÚDO: Fazem parte da 1ª parte ordinária de Valença 22 igrejas dos concelhos de 
Viana do Castelo, Caminha, Ponte de Lima, Arcos de Valdevez, Vila Nova de Cerveira e Paredes 
de Coura; da 2ª parte, 30 igrejas dos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço, Valença e 
Monção com os conventos de Monção e Bom Jesus de Valença.
DIMENSÃO E SUPORTE: 36 livros e documentos


Exemplo da Intervenção do Arcebispo Moura Telles na mobilidade das irmãs do mosteiro de S. Bento de Monção (clicar para fonte):

                                                                  Penha Franca- Braga
                                               (Brasão com nó de Bispo e dupla cruz de arcebispo)
   

É esta situação, aliás, que pretende explicar o “Livro de Eleições de Abbadeças do Mosteiro de S. Bento de Monção”, 1633, que, em 1713, por ordem do Arcebispo de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles, se instalaram no mosteiro novo de Barcelos. Sobretudo depois do Concílio de Trento (1545-1563), os Bispos diocesanos, por si ou por seus delegados, é que visitavam os mosteiros das beneditinas e presidiam às eleições das abadessas, cujas funções eram trienais, e cujo cargo apenas era reconduzível duas vezes seguidas.
Tudo isto se depreende claramente dos livros de visitação de qualquer mosteiro de beneditinas, e
que nós conhecemos bem para o caso do mosteiro beneditino de Santa Escolástica de Bragança,
mosteiro de fundação quase  contemporânea ao de Moimenta da Beira.
pg394


                                                             Largo do Passo - Braga
                                         (Brasão com nó de Bispo e dupla cruz de Arcebispo)


Visitas do arcebispo e seus inquiridores - apenas no respeitante à questão das Irmãs de Monção(clicar para acesso a fonte) :

PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/169 169 [Petição da Abadessa do Mosteiro 
de Monção]
séc.X
VII
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/169A 169A Inquirição que o Arcebispo D. João 
Afonso de Meneses tirou de certos 
testemunhos da Galiza, para 
averiguar as freiras dos Mosteiros 
de S. Bento em Monção sobre um 
caso sucedido
1587
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/169B 169B Auto que se fez acerca da visitação e 
clausura do Mosteiro de S. Bento, 
Monção
1587
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/169C 169C Visitação que o Arcebispo fez no 
Mosteiro de Nossa Senhora da 
Conceição, da ordem de S. Bento
1584
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/169
D
169D Visitação às religiosas de S. Bento 
em Monção
1600
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/169E 169E Testemunhos das freiras do 
mosteiro de S. Bento e Monção
1600

Madalenas Convertidas - Braga
(brasão de Bispo)


Lista de Visitas do Arcebispo de Braga a Valença (como consta em arquivo da Sé de Braga -Fonte em anexo - clicar):

VISITAS DO ARCEBISPO de BRAGA a VALENÇA (total das igrejas que se descreve acima);

PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/170 170 Carta de visitação do Arcebispo de 
Braga às religiosas de Valença do 
Minho
1576
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/171 171 Visitação que fez o Arcebispo no 
Mosteiro do Bom Jesus de Valença
1584
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/172 172 [Termos da visitação feita no 
Mosteiro do Bom Jesus de Valença]
1600
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/173 173 Auto e sumário pelo Arcebispo feito 
no Mosteiro do Bom Jesus de 
Valença
1604
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/174 174 Devassa tirada no convento do Bom 
Jesus de Valença
1743
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/175 175 [Auto e Devassa tirada por decreto 
do S.A. no convento do Bom Jesus 
de Valença]
1747
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/176 176 Devassa da visita que por especial 
provisão do Arcebispo D. Gaspar de 
Bragança, se tirou no convento do 
Bom Jesus de Valença
1760
PT/ADB/DIO/MITRA/CD/01.01.08/177 177 Devassa tirada no convento do Bom 
Jesus de Valença por ocasião da 
visita do Arcebispo D. Gaspar de 
Bragança
                                                           Chafariz dos Castelos - Braga


Lista das Instituições religiosas dos arredores sujeitas a visitação regular do Arcebispo e seus Inquiridores:

Colegiata de S. Estevam - Valença - 1467-1888
Convento de Mosteiró - Valença - 1802-1865
Convento da Nossa Senhora da  Misericórdia ou Santa Clara - Caminha - 1554-1888
Convento de S. Francisco de Jesus - Monção - 1571-1820
Convento de S. Paio do Monte ou dos Milagres - Cerveira - 1615- 1854
Convento Bom Jesus Valença - 1534-1796
Mosteiro de S. Salvador de Ganfei - Valença - 1708-1836


Porta do Bom Jesus - Brasão dos Moura -
Cruz de Arcebispo Nó episcopal - Braga


Catedral de Tui - Claustro
Fidei d'Amor: Marc 1:6-9


E ainda - sem ligações - o convento de S. João de Deus, com capela junto às ATUAIS portas do Sol e que foi destruído por misteriosa explosão na suposta ocupação Francesa das tropas de Soult em Abril de 1809;

(tema de próximo capítulo deste blog)

Os próximos temas a desenvolver serão:

As portas do Sol - única entrada da fortaleza sem brasão - mistério por resolver - desde a reedificação das cortinas de S. Francisco com data de 1817 e glorioso Brasão a Condizer, dado que o local onde estava colocado permanece aberto com três orifícios de encaixe - que aconteceu ao BRASÃO? Histórias da nossa praça;

A Primeira Igreja - S. Pedro e suas derivadas:
Stº Estevam (estrutura Românica intramuros) - onde está?
St.ª Maria (pertencente à estrutura medieval inicial e depois deslocada) - onde se encontra?;

O Mistério das Igrejas e conventos -desde o Bom Jesus à Colegiata;

Mistérios de D. Sebastião: onde pára a capela extra-muros do mesmo nome?

Mistério da Fonte de S. Vicente: como acontece que uma escadaria interminável se transforme numa poça;

Mistério do Marco miliário - como aparece em 1680 intramuros estando extra-muros até ao séc. XX?

Onde pára a Via Romana que servia de ligação militar a Astorga (outros falam de Santiago) - muitas barcas e poucas pontes para os legionários;

O mistério das capelas do senhor dos passos:

Porquê apenas cinco se os passos são:


  1. Estação: Jesus é condenado à morte
  2. Estação: Jesus carrega a cruz às costas
  3. Estação: Jesus cai pela primeira vez
  4. Estação: Jesus encontra a sua Mãe
  5. Estação: Simão Cirineu ajuda a Jesus
  6. Estação: Verônica limpa o rosto de Jesus
  7. Estação: Jesus cai pela segunda vez
  8. Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
  9. Estação: Terceira queda de Jesus
  10. Estação: Jesus é despojado de suas vestes
  11. Estação: Jesus é pregado na cruz
  12. Estação: Jesus morre na cruz
  13. Estação: Jesus morto nos braços de sua Mãe
  14. Estação: Jesus é enterrado

E muitos mais enigmas interessantes para despertar a sede de se ser VALENCIANO com CONHECIMENTO de causa e raízes no seu Ser;

Até breve;

DAP


O Campo




Fonte de Sá - Valença - Brasão


E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. 

 Jo 8,32

Umas breves linhas para ilustrar aquilo que vai acontecer ao longo deste espaço que agora nasce.

Valença do Minho e seus arredores impressionam - não apenas pela sumptuosidade dos seus territórios - pela grandeza da fortaleza, dos conventos medievais, dos castelos das furnas e das guerras e alianças que construíram a pré-nação assim como as guerras menos dignas entre irmãs pretendentes ao trono e seus filhos egrégios.

Dito isto - cada uma das pedras de Valença - fala por si...

Quem - como eu - passeia pelas suas muralhas desde que se lembra de ser gente - interrogou-se inúmeras vezes acerca das "mouras" nas fontes da vila, na fonte de Sá... não entendeu onde andavam os brasões perdidos das portas primeiras nem se consciencializou da razão pela qual - tanto aparecia uma catedral ao lado e nunca a sua sombra do lado oposto do rio.

Que se passaria com a história da terra que pisava - e que - também ele era, que se mantinha, como uma "MENSAGEM", num nevoeiro soturno e pesado?

Esperaria o seu D. Sebastião ansiado?...

Janela - Praça do Faro
antigo lateral do Convento de S. João de Deus destruído pelos Franceses em 1809

Assim sendo - sempre encantado - com o mistério que nos preenche e que preenche Valença de porta a porta, de rio a monte do Faro, cabe agora ir mostrando as ligações - finos e delicados nós no tempo e no espaço - que espero revelem algo mais da fisionomia (se não mesmo da alma) da terra que amamos e que nos viu nascer.

Um saúdo fraterno.

DAP