Um ser humano particular…
que vestia e despia a bata
– como se fosse coisa banal…
Era uma vez
Um outro ser
Que também era humano sem o saber
Um e outro
o mesmo ser
aquele que sofria
o que melhor queria
ajudar
a melhor viver...
Era o que se atrevia
A pedir que lhes dessem
Outra vida
Além da vida que lhe queriam vender…
Entre um e outro havia
Sintonia
Da vida que lhes tinha sido dado a
ouvir, ver e “amar”
Um pedia ter tempo
Outro queria era despachar
No fundo – perdiam todos
Quando esqueciam o seu lugar
Que é ser humano – não cobaia
Zeros números que nos querem mandar
Um tinha brio em ser gente
O outro queria o seu próprio lugar
Um procurava dar abrigo de repente
A tudo o que lhe quisessem enviar
Entre uns e outros se arranja
A vida que quisemos inventar
Uma é vida escrava
A outra nos pode libertar…
Se pensares que tens pressa
– pára! -
Há mundo depois do luar
Se quiseres ser
número entre números
Vai e leva
As picas e injecções estão lá para te ajudar
Assim – escuta e escolhe
Amiga, amigo do lugar
Ou és dos que chove -
não “molhe”
Ou és dos que queres contar…
Entre os números “clausos”
Rácios inventados para ludibriar
Há um tempo sem tempo
Que é só teu e meu para entregar
Ninguém pode ter
O que é de todos por igual
A vida
Nem tem conta
Nem se vende
Nem se compra
Nem se transcreve
Nem se ludibria
Em linhas fictícias
cifras
usadas para enganar
Assim pondera
Tu que vens a este lugar
Se queres ser parte da gleba
Ou se queres ser tu a mandar
O tempo é infindo
não tem compartimentação
é escada – subindo
Nos leva de volta ao COR AC ÇAO
Assim – esclarece de repente
Aquilo que te estão a contar
O tempo que dás ao tempo
É tempo para te libertar
Se queres ser escravo – corre
Vai atrás da bola ao luar
Se queres ser livre – VIVE!
Não há pressa que te possa mandar
Se vais com o tempo que é parco
Se corres atrás do relógio parvo
Se queres ser parte do quinhão
Palha entre burros tiranos
Prisioneiro entre outros escravos
Então agarra a pequena nota que te dão
mão em mão
Se queres ter pressa – corre
Se queres ir - vai
devagar
Se quiseres –escolhe
Há sempre tempo para voltar…
Assim andam os tempos - marados
Nestes paragens do litoral
Antes eramos livres e pobres
Agora somes ricos sem
mar
Até logo te conto
Neste conto de nunca acabar
Os que se despertam são poucos
os dormem – mais do “milhão”…
se tudo tem fim e princípio
se tudo é mera ilusão
vive tu o teu início
começa uma nova canção…
há sempre tempo no tempo
há sempre tempo de antemão
se as tuas palavras se
confundem no vento
tu vai e voa até ao firmamento…
aqui em baixo ficarás ao relento
lá em cima - serás meu irmão!…
esta é a voz do vento
que sopra em ti
e em mim
inflamando a verdadeira raíz
do nosso interno coração