quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Borrachinhos de Valença

Igreja do Bom Jesus - tempo moderno - Valença


Uma terra que esquece, omite ou transfigura as suas raízes - é uma terra sem IDENTIDADE.

Se - numa postagem anterior - nos questionávamos acerca do paradeiro do lugar óbvio onde estaria colocado o Brasão do Arcebispo de Braga Rodrigo Moura Telles antes de ser feita a "montagem" do mesmo junto com uma esfera armilar e uma aparente coroa partida sobre as antigas prisões de Valença - por alguma teima denominadas "casa régia"- hoje podemos aportar novos factos à demanda de respostas para tantas perguntas que a nossa fortaleza requer.

Explicaremos a razão nesta edição e abriremos a possibilidade de se recontar a história da nossa terra - devolvendo a verdade e a coerência onda a ignorância, o desleixo e interesses vários (maioritariamente velados) relacionados com o período jacobino e as estranhas relações de prelados entre eclesiais, povo e maçons com ecos que perduram neste nosso Presente.

Um corolário de imprecisões suportadas por uma outra outra razão, levaram ao deslocar do eixo da verdade para a fantasia e - quem passear bem pelas ruas da terra - com olhar crítico - logo notará as divergências: sem necessidade de consultar muitas bibliotecas ou "pergaminhos" - simplesmente por amar o lugar onde nasceu e cresceu e nunca ter entendido certas ambiguidades mantidas a pés juntos pelas autoridades como "OFICIAIS".

Vamos então descortinar um pouco mais do véu - para assim - REALMENTE - sermos um pouco mais livres (por saber quem somos, de onde vimos e que fazemos aqui).

Uma terra que esquece, omite ou transfigura as suas raízes - é uma terra sem IDENTIDADE.

Questionar a história e os responsáveis pela sua elaboração - exigindo os critérios de veracidade que lhe deram azo, analisar as evidências e devolver alguma dignidade à nossa (à minha história) é o mínimo que podemos fazer para restaurar a verdade e coerência do grande povo Valenciano.

Assim sendo - relembramos a razão do título deste episódio:

Borrachinhos de Valença

Receita conventual criada pelas freiras franciscanas do Convento do Bom Jesus de Valença, o convento foi extinto em Julho de 1769,mas a receita manteve-se viva, era tradição nas quadras do Natal e da Páscoa serem colocados num pote junto ao lume da lareira e “oferecidos a quem com Deus viesse”. Transmitida ao longo do tempo, é hoje sobremesa obrigatória nas mais diversas manifestações pantagruélicas da nossa Cidade, tendo sido até adoptada por muitos restaurantes como especialidade.




Excerto: "O Incêndio no Convento do Bom Jesus de Valença" - Biblioteca Pública do Porto
(Cópia agora existente na Biblioteca Municipal de Valença para consulta Pública)

Assim, ficamos a saber que a nossa benemérita praça forte (antes de 1691 - simples castelo) albergava as Freiras Franciscanas do Convento do Bom Jesus de Valença.

 Estas detinham uma zona que compreendia claustro, capela e instalações para as muitas irmãs que compunham um dos MAIORES CONVENTOS FRANCISCANOS do Minho.

Estas instalações situavam-se onde actualmente temos o limite do átrio da Igreja de S. Estevam (entretanto - depois - alargada), o espaço do "Poço das Freiras" bem como o que foi posteriormente as instalações do Hospital Militar assim como o hospital subsequente e actual parcela do Lar da Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia de Valença



Excerto: "O Incêndio no Convento do Bom Jesus de Valença" - Biblioteca Pública do Porto
(Cópia agora existente na Biblioteca Municipal de Valença para consulta Pública)

Basta analisar as plantas da Vila desde 1691: onde se aprecia a fase de castelo medieval (círculo inferior ocupando a parte Norte da Vila) e o nascimento posterior da zona intermédia a partir da zona onde temos o padrão dos descobrimentos portugueses frente às instalações camarárias da tesouraria até à zona onde se ergue hoje o largo do Monte do Faro.

Planta da Fortaleza de Valença - Manuel Villalobos - 1691


Na parte interna, vemos a Igreja de S. Estevam - ainda não inclinada em Noroeste/Sudeste como ficaria depois (algo bizarro para a arquitectura tradicional católica, que orienta os seus templos Este-Oeste); 

Assinalar que - na planta inicial - apenas se contempla um pequeno edifício religioso onde estaria situada a IGREJA MATRIZ. A Igreja da misericórdia - alegadamente do séc XIV - não aparece aqui representada.

Vemos a zona correspondente ao convento - em 1691 com uma IGREJA, em 1713 vemos a igreja "Bom Jesus" e um esboço dos fundamentos do que seria o enquadramento da futura "Capela" do Bom- Jesus, onde o conhecemos hoje (estaria a transferência programada com antecedência? Lembremos que estamos em período conturbado e que em 1728 D.João V EXPULSA o NÚNCIO APOSTÓLICO e ROMPE RELAÇÕES com ROMA), 



Planta da Fortaleza de Manuel Pinto Villalobos - 1713

Observa-se a presença das DUAS igrejas e do CLAUSTRO das Franciscanas na Vila e na zona da coroada o ESBOÇO de um lugar... acréscimo posterior à data da transferência da Igreja para a sua locação como capela ou início de programação de obras de transferência imóvel?...

Seria necessário um Incêndio, um terremoto e uma morte prematura para demover a Abadessa, isto já em 1756...


Praça Forte de Valença - Planta de Gonçalo Silva Brandão - 1758

Ainda se aprecia a Igreja em 1758 - apesar de que este corresponderá ao ano da sua transferência para a zona da Coroada, uma vez que o prédio restante está em ruína (assim como a igreja - queimada em 1754). Os apelos da Abadessa terminam em 1756-7 com a morte do Arcebispo Primaz D. José de Bragança (filho ilegítimo do Rei D. PedroII e sobrevivente de estranho afundamento que fez desaparecer D. Miguel - outro ilegítimo do Rei)


Planta da Fortaleza - Champalimaud Castro - 1766

Em 1766 já apenas o claustro e o dizer "-S- Convento das Freiras" e em 1777 apenas vemos "Quartel da Artilharia" - correspondente ao reg. 3 que ai conseguiu alojamento.

Após o desastre de 1754, o terremoto de 1 de Nov. de 1755 e a morte "súbita" do Arcebispo Primaz em 1756 -  aliado às expulsões prévias de D. João V dos prelados papais e à onda crescente dos Neo-Liberais arcaicos (posteriores Jacobinos da Revolução Francesa, hoje Franco-Maçons) temos o desalojar progressivo das várias instâncias religiosas de peso que davam o carácter à Vila de Valença.

Tranforma-se esta lentamente num ermo espiritual de características militarizadas (quando - como veremos - nunca foi essa a sua raiz histórica mais importante ou marcante da identidade cultural: algo que as revoltas liberais vieram acelerar - perdendo-se e misturando-se com algo menos próprio).

Também se observa que - entre 1691 e 1758 existe a estranha anexação da estrutura eclesial colocada na entrada das portas da gabiarra para junto da matriz e que - supostamente - ocupava o lugar (pequeno quadrado frente ao baluarte) - depois anexado com um novo edifício que - pela informação do Major Alberto Pereira de Castro - remontaria a meados do Séc. XVI (não se denotando nada na sua estrutura que seja de época) e precisando mais à frente - que após os vários Pereiras de Castro que intervieram nas obras - um mestre pedreiro terminou o nicho da igreja (gémea da da Misericórdia de Tude, como já vimos) no ano de 1745 - este ano sim, consentâneo com a planta de Gonçalo Silva Brandão de 1758 - tal como se mostra de seguido):


Praça Forte de Valença - Planta de Gonçalo Silva Brandão - 1758




Praça Forte de Valença - Planta de Champalimaud Castro 1766


Repararam na MAGIA?

Do ano de 1758 para o Ano de 1766 - desaparece a igreja do Convento marcada cada com um círculo... os mistérios de Valença?

Será este o ano da execução da transferência do edifício eclesial para o seu "novo" enquadramento como "capela" - pelo menos transferiu-se o terço anterior do edifício - o que já é bom como tarefa de "conservação do património" e algo enviesado se o virmos como apropriação indevida ou mudança consciente sem registo próprio.


Uma parte da história que é mistério para muitos valencianos e que - mesmo os livros eruditos dos eruditos da terra - deixam de parte de forma consciente. 

Existe um movimento implícito de se escrever a história em funçon da visão que cada um apregoa: ainda bem que as pedras queimadas, as janelas conventuais e os brasões de toco exposto falam por si...

Ficava assim preenchido o fosso da coroada (entretanto sem igreja correspondente - e continuando sem igreja real, uma vez que a "nova" do Bom Jesus - além de queimada, com grades conventuais, sem brasão no pórtico ficou com a particularidade de estar orientada de forma ERRADA - isto é Oeste-Este.


Uma pena de facto - pois estas "omissões" levam a que se perca o espírito e carácter de uma terra tão nobre e de tão importante labor ao longo da história, transformando os seus nascidos em seres apátridas: herdeiros de uma tradição velada e de uma história despedaçada.

Procuremos a verdade - para assim - SIM - verdadeiramente Francos ser Livres;




1964 - Arquivo da RTP - emissão da "Voz de Portugal"
Assim se fazia "história" enquanto se lutava para manter a autonomia que os grandes blocos esmagavam - foi no estado Novo que muitos "Mitos" nascerampara dar fôlego à nação na árdua jornada de 14 anos para manter estandarte

Mas - esses tempos já passaram - e AGORA - é com VERDADE que se FUNDAMENTA A NAÇÃO e se DÁ TESTEMUNHO ÀS NOVAS GERAÇÕES - a guerra é outra - a alienação não vem da força das armas, vem das aculturação;

Fonte: Museu RTP


A Razão que leva a que o Convento das Franciscanas do Bom Jesus de Valença tenha permanecido um mistério é algo estranho para mim. 

Desde as muitas questões que levantei na minha meninice e idade adulta - daquelas que pensamos enquanto estamos na esplanada do café "bom jesus" a tomar um café - e logo que nos levantamos - desaparecem como névoas para regressar novamente quando caminhamos pelas pedras que nos viram nascer.

Eu - literalmente - nasci nas dependências deste antigo Convento (na época em que era o hospital de Valença) e foram as freiras que por lá andavam que comentaram pela primeira vez coma minha mãe acerca do meu nome "Ah - vai ser Daniel?.. o da cova dos Leões" - e pelo que me diz - riam à socapa.

Dito isto - e para que não fique apenas a memória dos "Borrachinhos" na página da Câmara Municipal, fica aqui uma história algo mais profunda - e que mexe com os alicerces da terra que nos viu nascer e da qual - em VERDADE - devemos ter orgulho.

Mas para isso - em VERDADE - devemos conhecer a NOSSA HERANÇA COMUM.

Nenhum empoderado tem o direito de negar ao Valenciano do seu passado - seja ele qual for: pelo simples facto de que É PATRIMÓNIO de CADA UM DE NÓS e parte do nosso CARÁCTER e ESTRUTURA.

Sempre se conheceu a capela do "Bom Jesus" como "Militar" - não estando claro que cofradia, que organização a gestionava no seu "enquadramento original" nen a quem prestava contas a mesma.

Por isto me resulta estranho ler - segundo consta no livro bem documentado do Major Alberto P. Castro "A Praça Forte de Valença do Minho" - pp-307-308:

"Esta Capela foi mandada construir no período Filipino por Pedro Saavedra, notário e escudeiro de Pontevedra (...)" 

e mais não refere quanto às origens da mesma, ficando o leitor feliz por saber que  o seu lugar original estaria numa carvalheira às portas da muralha (vila) antes da concretização da Obra Coroada.

Foi reconstruída por um capitão engenheiro desde 1691 e ficaria concluída em 1700.

E mais não se diz, a não ser que funcionou como capela Militar entre os séc. XVIII a XX.

Coisa veraz estranha esta - como muitas outras que temos vindo a referir acerca das construções religiosas desta nossa terra.

De facto - o liberalismo não foi sinal de veracidade - por muito que custe aos elementos das organizações liberais que procuraram trazer ventos de Igualdade, Liberdade e Fraternidade a terras Lusitanas (que ficam a Occidente - não a Oriente).

A Guilhotina o demonstra: guilhotinou o idealista por detrás da revolução, guilhotinou o inventor da guilhotina, guilhotinou 75% de arraia miúda que por lá passou e deixou que os nobres se fizessem novos burgueses - depois aristócratas - tendo purgado entre eles o que lhes aprouve e tapando as linhas da história com o sangue dos lerdos que se viram arrastados por tamanha invenção.

O que sobrou foram os assentos - ora dos menos proprietários "à esquerda", ora dos mais proprietários "à direita" - e o mundo seguiu a girar com as suas guerras e intrigas - desta vez com o apoio da revolução industrial e tudo o que lhe reconhecemos...








Capa: "O Incêndio no Convento do Bom Jesus de Valença" - Biblioteca Pública do Porto
(Cópia agora existente na Biblioteca Municipal de Valença para consulta Pública)


Se já sabemos que a arte da escrita de se dizer "não" sem deixar entreaberta a porta de um "sim" cabe à diplomacia Vaticana, ficamos assim a saber também que o assassinato da história e a oclusão de factos e respectiva destruição de provas (como as pedras de um convento ou o deslocar prédios imóveis desde os seus lugares originais) cabe em igual medida a prelados e veneráveis.

Dito isto - fica o apontamento - aquilo que os grandes ocultam na história, guardam os pequenos na memória.

Ficamos a saber - pelo incêndio ocorrido em 9 de Março de 1754 - que o Convento das Irmãs Franciscanas de Valença (conhecido pelo nome de "Bom Jesus") era dos melhores edifícios conventuais do Alto Minho no séc. XVIII.



Sabemos que este facto implica a Igreja conventual - conhecida como do Bom- Jesus (baptizada em 1900 como "do Bonfim") - pelo simples facto de olhar as suas pedras e ver que estão queimadas: como corresponde ao incêndio que destruiu o convento e - independentemente dos pedidos de apoio para reforma - fosse pelo terremoto de Lisboa de 1755, fosse por outros motivos menos claros (como a morte súbita do Arcebispo Primaz de Braga - D. José de Bragança em 3 de Março de 1756), o facto é que o convento ficou ao abandono - ainda após a resistência da Abadessa e algumas das suas acólitas.




Excerto: "O Incêndio no Convento do Bom Jesus de Valença" - Biblioteca Pública do Porto
(Cópia agora existente na Biblioteca Municipal de Valença para consulta Pública)

Segundo a INFORMAÇÃO OFICIAL - quando as obras da coroada iniciaram, a capela conventual (diga-se "CONVENTO") já existia no promontório adjacente à Vila - isto em 1691.

Transcrevendo literalmente do site da Associação Cultural de Estudos Regionais:



"Quando, em 1691, Manuel Pinto de Villalobos iniciou a construção da ‘Coroada’ já existia a Capela do Bom Jesus no “outeiro fronteiro à vila” (Soromenho, 2000) e “manteve-se mesmo após a reserva do espaço para as actividades militares” (idem, ibidem). O templo foi, então, “inteiramente refeito: as obras acompanharam o ritmo geral dos trabalhos, foram pagas seguramente pelos cabedais adjudicados à fortificação, o projecto foi dado pelo engenheiro responsável e, acima de tudo, a reconstrução foi geralmente recebida à conta da prodigalidade régia” (idem, ibidem).
Em 1700 já estaria apta para ser sagrada, o que aconteceu em 1 de Novembro daquele ano. Segundo Pereira de Castro, “passou a ser administrada pela Colegiada de Valença, cujos cónegos, em 1767, a cederam à irmandade de N.ª S.ª do Carmo” (Castro, 1995) para a qual só eram admitidos os militares do Regimento de Infantaria de Valença como também “o governador, e Mayor, e Ajudante da Praça de acordo com os respectivos «Estatutos» aprovados por alvará de D. José I de 12 de Janeiro de 1767” (idem, ibidem)."
 - FONTE: ACER

Ora - se o Convento do Bom Jesus estava ACTIVO até 1756, então existe OMISSÃO de dados nas referências anteriores - isto porque uma praça forte com um convento no seu campo de Marte é algo inusitado - o convento do Bom Jesus é ANTERIOR às obras da coroada e parte nova da vila - como verificaremos de seguido.

Mais se acrescenta, como já referido no documento anterior - que os conventos estavam debaixo da JURISDISÇÃO do ARCEBISPO PRIMAZ de BRAGA (não da colegiata - como se refere no documento anexo), sendo que as visitas do mesmo - assim como dos seus representantes - eram frequentes e a casa que DEU ORIGEM aos paços do concelho (actual câmara) que se situava na Praça de S. João: hoje praça da República.

Era esta a casa habitada pelo Arcipreste (depois deslocado para a casa da Rua do Meio - Hoje Rua José Rodrigues e - actualmente - morador na Freguesia de Campos - Vila Nova de Cerveira) e que era a casa que ocupava o Arcebispo Primaz nas visitas regulares a Valença.

Estava a Colegiata, o Convento das Franciscanas do Bom-Jesus, o Convento de S. João de Deus... fora o convento e mosteiro de Ganfei... o património do Convento de Sanfins e o mais recente convento de Mosteiró... mais a história de termos sido sede episcopal conjunta com Ceuta na cisão dos Papas de "Avigñón"... muita herança espiritual para ser apagado de uma penada senhores laicos... muita responsabilidade nessas penas.


"em Fevereiro de 1920, a Câmara decide mudar o nome do Lg. do Bom Jesus para Pç. Dr. José Augusto Soares"

Fonte: Sistema de Informação para o Património Arquitectónico

Assim - com uma penada - mudamos a história, esquecemos o passado - queimamos os livros como na revolução cultural... e tudo passa...

Uma melhor ideia era COLOCAR os NOMES das RUAS ao longo do tempo - como já fazem os nossos irmãos de Tui - mais fidedigno e mais aprofundado no conceito de ser Tudense... neste caso - Valenciano.

Depois falta ligar

1728
20 de Março. D. João V corta relações com a Santa Sé porque o Papa não havia concedido o barrete cardinalício ao Núncio em Lisboa. O enviado português André de Melo e Castro, retira-se imediatamente de Roma.
5 de Julho. Decreto que manda sair do Reino os súbditos do Papa.

1748
Reatadas as relações com a Santa Sé, o Papa Bento XIV concede a D. João V o título de Fidelíssimo.

Fonte: Instituto Camões

Este período é estranho - pois coincide com a morte do Arcebispo Moura Telles de que já falamos acerca dos Brasões perdidos em Valença (o que está na "casa Régia" - melhor dito antiga prisão e actual museu).

Agora - o que dizem as fontes dos nossos irmãos do outro lado do rio?

"O beaterio transformarase no mosteiro do Bom Jesús, baixo a orde terceira franciscana, o primeiro de setembro de 1499 por bula do Papa Alexandre VII(11). Se no caso tudense a iniciativa da súa fundación regular era episcopal, no caso valenciano sería debido ao padroádego particular. Fernão Caramena (12) realizaría a fundación do convento de Santa Clara do Bom Jesus a partir do primitivo beaterio. A súa filla, Leonor Caramena, ficaría como abadesa perpetua mentres que o padroado sería exercido pola familia Abreu, sendo a capela maior o seu lugar de enterramento.

Coa incorporación das terras de Entre Minho e Lima ao arcebispado de Braga en 1514, o convento de Santa Clara ficaría sometido á obediencia dos arcebispos, tal e como se sinalaba no rexistro das confirmacións do arcebispo Diego de Sousa(13) (1505-1532)."

Bastava uma "apitadela" para os tombos dos irmãos do outro lado do rio para corrigir os "enganos"... tarefa complexa para uma Eurocidade...

Daqui advindo que o BRASÃO do ARCEBISPO na prisão (chamada casa régia) estivesse mais concretamente colocado nalguma das dependências do arciprestado em terras de Valença - intramuros - fosse nas antigas instalações da sua casa (actual Câmara Municipal) fosse numa das Igrejas Associadas à sua TUTELA.


Fossem os passos do Concelho posteriormente edificados (e não espantaria que as revoltas liberais tivessem utilizado o Brasão com o intuito de vilipendiar o "antigo inimigo" - colocando-o fora de contexto).




Capela do Bom Jesus - Coroada
Nota-se os vestígios do enorme incêndio que destruiu as dependências do convento ao que estava adscrita assim como a falta do Brasão que - ora da ordem Franciscana ora do Arcebispo - estaria colocado sobre a porta principal (e não aquele colocado no topo da construção, após a sua apropriação - possivelmente no período de venda dos bens imóveis da igreja de 1834-43)



(Decreto de 30 de Maio de 1834), 
isto é, «Os bens dos Conventos, Mosteiros, Collégios, Hospícios e quaesquer Casas de Religiosos das Ordens Regulares» 1Esta é, entre todas, a incorporação mais importante e foi antecedida de outras, de menor dimensão, que atingiram o património de diversos mosteiros e conventos. Note-seque aquele famoso decreto não abrange as corporações de religiosas, cujas casas persistirão até à morte das últimas freiras,estando os noviciados proibidos pelo Decreto de 5 de Agosto de1833. Ainda em 1834, e para que não restassem dúvidas quanto à interpretação do Decreto de 30 de Maio, se declara que este é extensivo em todas as suas disposições às ordens militares
(Decreto de 14 de Julho de 1834)


Fonte: Venda dos bens nacionais 1834-43

Continuando:

"No século XVIII o convento de Santa Clara estaba noutra situación económica. Pedro II de Portugal (1683-1706), mostraríase xeneroso co mosteiro do Bom Jesus de Valença, permitindo que o mesmo gozase dunha mellor economía (15) o que posibilitaría tamén a riqueza artística dos seus edificios. O convento estaba ubicado na inmediación da colexiada de São Estevão , co seu templo e claustro.

En 1706 o número de profesas chegaba a setenta, o que reflectía a súa importancia(16). En 1769 abandonarían Valença para se dirixir a Braga ocupando primeiro o colexio de San Paulo e logo uníndose ao convento dos Remedios.


A súa marcha de Valença provocaría a desaparición material do edificio conventual, utilizado como almacén militar e logo como hospital, chegaría a desaparecer completamente no século XIX por ruina, ocupando o Hospital da Caridade unha parte dos vellos terreos do Bom Jesus."


Fonte: FORO TUDE

Assim, ficam os ECOS das HISTÓRIAS - como a do Hospital Militar da Ordem de S. João de Deus - Criado em 1643 em Valença - para uma próxima edição, pois este convento tem algo especial que revelará muito da nossa história velada - património de cada um de nós - de cada um de nós alma e carácter esperando ser recuperado, retemperado e reerguido:

1643    Fundação do Hospital Militar de Elvas e de Valença do Minho, Portugal.

1813    Os Irmãos Hospitaleiros tinham a seu cargo os Reais Hospitais Militares de Elvas, Campo Maior, Moura, Estremoz, Castelo de Vide, Almeida e Valença do Minho, além de administrarem os Hospitais de Lagos, Miranda do Douro, Bragança e Chaves.


Fonte: Irmãos de S. João de Deus





Fonte: UNIVERSIDADE do MINHO



Um abraço aos "Borrachinhos de Valença"- estamos mais perto de nos vermos CARA A CARA.

NND
DAP

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